terça-feira, 9 de novembro de 2010

A Juventude é uma Habilitação

Na aula de Projecto Multidisciplinar I, foi realizada uma actividade sobre a metáfora, uma figura de estilo que nos leva a dizer o que sentimos ou que queremos dizer, de uma forma simbólica (ou em sentido figurado).

 

Desde crianças que sempre interagimos com a metáfora sem, na maioria das vezes, nos darmos conta que a estaríamos a utilizar. Usamo-la, principalmente, para definir ou especificar algum aspecto, transferindo sempre uma realidade para uma comparação subentendida.


“Hoje, sou uma princesa e esta caixa é o meu castelo!”, “Hoje sou um jogador de futebol muito famoso e vou-te ganhar nesta partida!”, são exemplos de situações que utilizámos em pequenos, sem nunca nos apercebermos, ao certo, do que estaríamos a dizer ou a fazer.


O objectivo do exercício era interpretar o sentido da metáfora “a juventude é uma habilitação.” De acordo com a minha opinião e concordando com o professor da Lecture, considero que a juventude é vitalidade, é ambição e disponibilidade.

Excerto do livro “ Diálogo das Compensadas” de João Aguiar, página 23:

Abadessa – Quanto a si, descanse: não perde pela demora. Tanto quanto conheço ainda o mundo profano, o mal de que sofre o Sr. Pinheiro espalhou-se por várias gerações, ou melhor, por várias idades, e você não tem de esperar mais que dez, quinze anos, para que ele o ameace. É a doença da juventude. Ou a perversão, se preferir.


Cláudio – T’ou a topar. A reverenda madre acha que…

Abadessa – Acho que se criou a noção, aliás estúpida, de que a juventude é uma habilitação. Por vezes, mesmo, um oposto. O Sr. Pinheiro foi mais uma vítima dessa noção prevalecente. Note que a asneira também não beneficia os jovens, muito pelo contrário; são digeridos pela máquina quando ainda estão crus. A asneira não beneficia ninguém, a não ser uns poucos, que nós não sabemos quem são. Entretanto, vai destruindo gente frágil, gente vulnerável como o Pinheiro. Gente que é quase toda a gente, afinal.

Cláudio – Não há-de ser assim tão grave.

Na minha opinião, a metáfora é usada para transmitir a opinião da Abadessa que, de certa forma, substitui a forma literal de fazer uma crítica, fazendo com que se retirem diversos significados e sentidos desta afirmação. A Abadessa pretende, assim, dizer que o “mundo profano” provoca na juventude certos males que, por vezes, se desculpam por sermos jovens. Numa idade tenra, onde ainda se começa a aprender, são desculpados os erros e as irresponsabilidades, criando-se o estereótipo de a juventude ser uma habilitação. A Abadessa considera um erro o uso desta metáfora, pois a juventude não se ganha, já nasce connosco, mas temos de viver a vida da forma mais correcta para, assim, se poderem ganhar as habilitações.

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